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Nacionales Galiza :: 27/07/2020

O Dia da Pátria em três vozes

Galiza Livre
El Dia da Patria en tres voces

No dia de onte e antes de onte nom estivemos apenas a fazer seguimento das organizaçons e os seus discursos, caminhamos também as ruas mais céntricas da nossa capital para tomar o pulso das mobilizaçons, e saber quais as motivaçons da militáncia e base social na hora de assistir aos actos num ano tam anómalo. Entre milhares de pessoas, detivemo-nos a conversar com três activistas que nos dérom a sua peculiar visom sobre a jornada, e os tempos políticos que vivemos.

“É um dia de laços e socializaçom”

Na manifestaçom juvenil que sai da Alameda no serao do 24 topamo-nos com Artai, um moço ourensano que, como tantos e tantas outras, vem à nossa capital pontualmente nestas datas. “Todos sabemos por que é importante estar hoje aqui”, diz-nos; “nom som mobilizaçons que vaiam mudar nada, mas som umha grande ocasiom para socializar o ideário nacionalista, para dar a conhecer o nosso movimento.” Além disso, Artai vinca também no importante papel social do Dia da Pátria movimento galego: “é um dia de reencontro, de afortalar laços, mesmo num momento tam anómalo como este, e mantendo toda a prudência por razons sanitárias. Mas a socializaçom é para mim muito importante, e aliás é um elemento importante da nossa identidade nacional, que vemos noutros contextos.”

Para Artai, o desdobramento de bandeiras espanholas nas ruas, os berros acusatórios de cidadaos ultras isolados aos que assistimos, nom tenhem aqui importáncia: “nom, o da ameaça ultra nas ruas é um problema de outras latitudes, de outras zonas da Península, aqui temos questons específicas que abordar, essa nom é prioritária.” Ora, ao entrevistado nom se lhe escapa a importante coacçom às liberdades que supom o desdobramento policial e o cerco às manifestaçons: “levamos anos em que, com o pretexto do antiterrorismo, se impede o normal desenvolvimento dos actos, o que evidencia que a sua preocupaçom nom é um terrorismo que nom existe, senom o independentismo, que é o que temem.”

                                                            Artai, moço independentista ourensano

Num ano marcado polo auge eleitoral nacionalista, Artai é optimista, mas a um tempo cauto: “poderia ser que o auge do BNG fixesse aumentar a consciência independentista, mas isso depende de dous factores: de que nessa estrutura se aceite mais e mais a ideia da independência, e se socialize, e de que o movimento social nacionalista se active em todos os ámbitos: “se a base social, com essa estrutura organizativa tam forte que tem o nacionalismo, se pom em andamento, entom os sucessos eleitorais podem derivar em aumento da consciência.”

“Entendo esta data sempre enquadrada na luita da classe trabalhadora”

Conversamos com Sara, militante juvenil muito activa, também da cidade das Burgas, baixo a balbúrdia do helicóptero policial que dificulta as conversas na zona velha, e que constitui o testemunho da vigiláncia permanente das pessoas mobilizadas nesta data. “Para mim hoje, o 24 e o 25, é fundamental estar aqui. Diria a toda a gente de classe obreira que este dia também é nosso, pois na nossa Terra, a luita de classes e a luita em defesa da Terra sempre fórom unidas. Penso que devemos entender e difundir a data com esta linguagem e com estas chaves”, diz-nos Sara.

As duas jornadas, sem equivalente na história por mor do vírus, resultam estranhas para todas neste ano: “palpa-se ainda medo, vem-se reparos, mas nom por isso devemos desmobilizar-nos. Cumpre cuidar-nos, cuidar a nossa gente, mas nom por isso deixar as ruas. Estar nelas mantendo todas as medidas. Isto também inclui dar resposta à extrema direita, que hoje é um fenómeno mundial, mas que está na Galiza particularmente a fazer-se notar. Muitas vezes engordada pola mídia, é certo, mas nom devemos deixar passar que pretendem ganhar espaço, e nom se deve permitir.”

                                                           Sara, militante juvenil independentista

Para Sara, como praticamente para todas as assistentes aos actos, a cena das carrinhas e dos fardados armados nom responde à lógica da segurança, senom “da pura coerçom: impedir que assistamos aos actos, criminalizar-nos, arredar-nos da sociedade, e fazer que abandonemos a rua.” A militante insiste em que este é precisamente o espaço dos movimentos sociais, o prioritário: “sem dúvida, sem nenhuma dúvida. Eu nom acredito nas instituiçons nem no Estado. E si, reconheço que umha voz institucional em chave galega que fale dos nossos problemas, e que apareça na mídia convencional, é um factor positivo. Mas sem esquecer que a auto-organizaçom e a mobilizaçom som a chave.”

“Cumprem organizaçons que falem claro”

Adolfo, da Corunha, representa outra geraçom. Veterano dos movimentos sociais da cidade herculina, independentista e militante sindical, conversa com o Galiza Livre na manhá do dia seguinte na Alameda. “Este dia é obrigado para a defesa da nossa identidade e a nossa independência. Do Estado e do governo espanhol nom podemos esperar nada.”

Adolfo é crítico com a focagem do dia por parte do nacionalismo neste 2020: “si, é certo que o vírus generou desmobilizaçom e temor, mas também responsabilizo o BNG por curtar com umha tradiçom de rua que tinha mais de 50 anos. Nom lhe podemos ter medo a todo! Com mantermos medidas de segurança estritas, nom haveria porque suspender um verdadeiro acto nacional.”

O militante vencelha parcialmente esta timidez com o auge da extrema direita. “O Covid genera desmobilizaçom e medo, é claro, mas se nos renunciamos a mobilizar, o inimigo nom o fai, e eis o problema.” Ainda, para ele o grande problema nom é a extrema direita explícita, tam na moda nestes meses: “nom esqueçamos que os fascistas já governavam, ainda que o faziam camuflados, e tampouco esqueçamos que vivemos sob umha ditadura da burguesia que permite o que permite, e exclui o resto. Neste 25 de julho, devêssemos ter isto claro também.”

Longe de outras perspectivas, as esperanças de Adolfo nom se ponhem em absoluto no resultado eleitoral que vimos de viver: “Nom som nada optimismo. Que os resultados podem aumentar o independentismo? Mas o BNG nom é um partido independentista, se fala de autodeterminaçom fai-no de esguelho; e mesmo maiorias eleitorais que sejam desta orientaçom, como vimos na Catalunha, nom vam muito longe se nom há um plano firme. O que precisamos som organizaçons que falem claro e que fundam a questom nacional com a questom social.”

 

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