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Nacionales Galiza :: 06/12/2018

Maria Osório: “Cumpre afrontar a condiçom de presa política como umha responsabilidade e um orgulho”

Galiza Livre
Entrevista a Maria Osorio, ex-presa política galega,recientemente exarcelada

Em setembro deste ano, a militante independentista Maria Osório, abandonava a prisom de Mansilla de las Mulas, onde foi recebida por amizades e familiares às suas portas, tras cinco anos privada de liberdade, durante os quais estivo em diversas prisons espanholas: Soto del Real, Ávila, Villabona e Leom.

A tua militância política levou-te à prisom, que significa para ti ser umha presa política galega? 

Por um lado significou umha responsabilidade e por outra um orgulho. Pensa que estamos a falar de umha tradiçom de décadas, com centos de expressons ao longo do mundo. É bonito pensar em toda a gente que estamos a luitar por destruirmos este sistema opressor e genocida desde tantas diferentes latitudes… No nosso contexto, agora torna-se especialmente importante remarcar a condiçom de presas políticas e a sua existência. Hai gente que quere reescrever a história depois da transiçom, sem nem sequer deixar escrever a prévia. Aínda há quem diga, mesmo desde a auto-proclamada esquerda, que nom hai presas políticas no Estado; que isso aconteceu com Franco, mas nom agora. Na realidade nom as deixou de haver até o presente, lembrando-nos que vivemos em umha democracia falsa e muito agressiva com a dissidência.

Por outro lado, também detectei certos discursos no independentismo catalám um pouco fora de ponto.  Quando começárom a deter pessoas desse movimento começou-se a dizer que volvia a haver presas políticas no Estado espanhol, afortalando o falso discurso da aparência democrática de Espanha. Eu estava lá na cela em Mansilla escuitando as notícias quando todo este conflito estalou mais seriamente e lembrei-me de nós, e também das companheiras bascas que levam aturado com tanta severidade os embates do Estado, também da gente comunista presa, anarquista e até de presas sociais que padecem em própria carne desde hai tantas décadas o sistema penitenciário espanhol… Tivem certa sensaçom de desgosto e perplexidaea.

Acho que o que fai a umha pessoa presa política é que forma parte de um movimento de resistência e político, como se lhe queira chamar, e que também é filha do seu tempo: perante as injustiças imediatas organizou-se e luitou. Por isso podes estar de acordo ou nom com o que pensam essas pessoas, mas devem-se respeitar e reconhecer as suas trajetórias e voluntarismo total. Lembremos que hai gente que roça os trinta anos presa, a isso as pessoas que dim que nom hai presas políticas no Estado espanhol nom sei como lhe chamarám. Quanto menos dá que pensar, nom?

Depois de 5 anos presa e dispersada, que destacarías dessa etapa da tua vida? 

Pois ao princípio tens certa sensaçom de corte com a tua vida, mas logras fiar essa etapa e dotá-la de toda a significaçom que tem. No meu caso nom sei se por idade ou porque me tocava, aprendim muitas cousas da vida. Sobretodo a valorar o realmente importante, que som três ou quatro tontarias. Podes aproveitar o tempo de muitas maneiras e, ao viver rodeada de gente tam diversa e em circunstâncias tam duras, a solidariedade torna-se fundamental. Vaia, ai é quando se vê o melhor e o pior das pessoas e isso dá-che para tirar muitas liçons psicológicas. Também de umha mesma. Depois, conhecim um bom feixe de presas políticas com as que travei amizade e isso arriquece muito como pessoa e militante. Foi umha etapa determinante e que marca para sempre.

Na cadeia mantivestes várias iniciativas de protesto para melhorar as vossas condiçons de vida, podes falar-nos de algumha?

Fundamentalmente realizamos jejuns e rejeitamentos de bandexa para exigir que nos transladassem a Galiza e nos reagrupassem na mesma prisom. Depois, em caso de que passasse algumha cousa grave com algum compaheiro ou acidente de carro com familiares também se protestava com jejuns ou em cada cadeia valorava-se o jeito. Em Leom eu estava com umha companheira basca e em efemérides que ambas partilhávamos também faziamos cousas conjuntas. A última com a greve de mulheres, sacamos uns cartazinhos no módulo enquanto nos concentrávamos.

Antes da tua detençom visitavas presos e presas políticas em diferentes cadeias do Estado, escrevías-lhes, acodías a toda quanta mobilizaçom havía para exigir a sua posta em liberdade… Como percebieche tu essa solidariedade quando estavas presa?

É fundamental. Eu aproveito para agradecer-lhe a toda a gente que me escreveu e me visitou todos estes anos. Fixa-te que quase nom houvo semana que nom recebesse carta ou visita por locutório. Fai-che sentir que formas parte de algo, que a gente se lembra de ti e isso lá dentro significa levar o quotidiano muito melhor. Aliás a ligaçom com o exterior é fundamental para paliar os efeitos da institucionalizaçom. A presa política ( e qualquer umha) necessita que lhe falem dos seus anceios de fora, de como vai a luita e o mundo… Já o dizia Nazim Hikmet, hai que seguir vivendo com as de fora, com as nossas, apesar dos muros de sofrimento.

Militante imparável e incansável, na rua continuas dando a batalha e pelexando acarom dos que aínda nom estam na rua. Podes contar-nos quais som as iniciativas que está levando adiante o coletivo de presos a respeito da progressom de grao e do traslado à terra?

Acho que os companheiros se encontram agora recebendo contestaçons jurídicas e administrativas depois de recorrer o grau e de demandar de novo o translado a Galiza. Por agora sem resultados. Para além disto continua-se com a dinámica de mobilizaçom que acompanha os últimos venres de mês de mobilizaçons nas comarcas. Nesse jejum fam-se várias petiçons, fundamentalmente a fim da dispersom penitenciária. Também recebemos visita da euro-parlamentária Lídia Senra, à qual lhe trasladamos todas estas cousas. Ela em Bruxelas denunciou o caso e demanda que se remate com a dispersom e outro tipo de arbitrariedades, como a aplicaçom sistemática do primeiro grau.

A dia de hoje, vendo os poucos pasos que dá Espanha em quanto a matéria penitenciária, que achas que é o prioritário em quanto a luita solidária?

A verdade é que é um panorama complexo, porque parecia que se abria certo horizonte de mudança, mas é totalmente enganoso. Acho que hai que seguir espalhando a realidade penitenciária espanhola e luitando na rua polo cumprimento dos direitos das presas políticas. Talvez haja que fazê-lo com mais determinaçom e com dinámicas sostidas no tempo, sendo conscientes de que estamos perante umha luita global: o sistema repressor espanhol é umha peça fundamental da andamiagem. Dai as dificuldades que hai para abri-lo e ver avances. A luita tem que ser em todas as frontes.

 

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