Pepetela, um grande escritor imprevisivel
Descobri Pepetela nos anos 80 quando li Mayombe. Fez-me sentir a guerra colonial num cenário onde o homem é esmagado por uma natureza hostil. Ao acompanhar em esforço de imaginação os combatentes do MPLA pelas selvas de Cabinda, recordei a guerrilha do Che nas matas e chapadões bolivianos e a de Hugo Blanco na Amazónia peruana. Tudo em Angola fora muito diferente.
A admiração por Pepetela cresceu quando li A Geração da Utopia.
Mas o romance perturbou-me tanto que ao visitar Angola em 1994 pedi a uma amiga comum que me levasse a casa do escritor. Luanda vivia dias caóticos. A UNITA tentava tomar o poder na capital e estava a ser derrotada.