As FARC e o folhetim do general Alzate
NOTA DOS EDITORES
Há duas semanas, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu os Diálogos de Paz com as FARC que se desenvolviam em Havana.
Motivo alegado: a prisão pelas FARC no Departamento de Chocó de um general e de duas pessoas que o acompanhavam.
Em entrevista ao diretor da ANNGOP, Dick Emanuelsson (odiario.info 2.12.14), os comandantes guerrilheiros Pastor Alate e Isaias Trujillo esclareceram as circunstâncias da prisão, desmentindo a versão fantasista do governo.
No domingo,1 de Dezembro, as FARC entregaram o general a representantes da Cruz Vermelha Internacional.
O episódio adquiriu posteriormente facetas folhetinescas.
Humberto de la Calle, chefe da delegação do governo às conversações de Havana, fez acusações gravíssimas às FARC.
A foto que odiario.info publica hoje ridiculariza essas declarações. Nela aparece o general Dario Alzate abraçado ao comandante Pastor Alate pouco antes da sua libertação, num gesto de reconciliação e paz.
Dias antes, as FARC tinham libertado dois soldados capturados há três semanas. Numa entrevista que obteve ampla divulgação internacional ambos informaram que haviam sido bem tratados, criticaram a guerra e pronunciaram-se pela paz.
O embaraço do governo colombiano é compreensível.
O general foi capturado como prisioneiro de guerra quando, numa área controlada pelas FARC, se embrenhara sem escolta pela selva, acompanhado de uma advogada de um cabo. Que pretendia? Até hoje a pergunta não obteve resposta.
Os seus acompanhantes foram também entregues à Cruz Vermelha.
A retomada das conversações de paz em Havana é agora uma certeza.
O povo colombiano tira conclusões do caso. Enquanto o exército publica fotografias macabras de guerrilheiros mortos, as FARC divulga a foto do general abraçado a um comandante guerrilheiro que participa dos Diálogos de Havana.
A reação do governo de Santos é desprestigiante. O general Dario Alape foi forçado a pedir a passagem à reserva.